PROJETOS DE PESQUISA

Prof. Dr. Otávio Miguez da Rocha Leão


- EDUCAÇÃO AMBIENTAL, TRANSFORMAÇÕES DA NATUREZA E O ENSINO DA GEOGRAFIA

O ensino de geografia é fortemente impregnado por uma visão dicotômica entre os processos associados à natureza e à sociedade, refletindo no campo do ensino uma tradição secular da produção do conhecimento geográfico, que implica em grandes dificuldades para o entendimento da dinâmica ambiental. Esse projeto vem desenvolvendo metodologias e práticas pedagógicas relacionadas ao entendimento das transformações nos geossistemas, associando as atividades humanas às modificações no meio físico. Utiliza-se o recorte espacial das bacias hidrográficas para integração de variáveis sociais e naturais e também para o desenvolvimento de práticas pedagógicas sobre a realidade sócio-ambiental dos espaços na qual as comunidades escolares estão inseridas. Nesse sentido esse projeto pretende contribuir com uma educação ambiental crítica e emancipatória, onde as causas da degradação ambiental não são naturalizadas nem despolitizadas, e muito menos desvinculadas de um meio sócio-econômico excludente e contraditório. Para tanto utiliza-se o próprio espaço de inserção da comunidade escolar como objeto de mapeamento geomorfológico e caracterização hidrológica, para discutir as modificações do meio-físico responsáveis pelos problemas ambientais urbanos e rurais que afetam a população. Procura-se destacar que essa realidade sócio-ambiental intensamente degradada, na qual as escolas estão inseridas, é derivada de um tipo específico de intervenção humana, que está diretamente relacionada ao modo de produção da economia e da forma de organização sócio-política.

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- PROCESSOS GEOMORFOLÓGICOS E DINÂMICA HIDROLÓGICA EM BACIAS HIDROGRÁFICAS

O projeto vem sendo desenvolvido em bacias hidrográficas com distintas características de uso e ocupação do solo, englobando ambientes urbanos, rurais e unidades de conservação. São priorizados os estudo dos processos geomorfológicos nas encostas, especialmente aqueles relacionados a dinâmica hidro-erosiva, bem como suas resultantes para a dinâmica hidrológica das bacias. Nas bacias hidrográficas localizadas em São Gonçalo são abordadas as questões associadas a urbanização e suas resultantes para a dinâmica hídrica das encostas e da rede de drenagem. São correlacionadas as características geomorfológicas dessas bacias ao processo de ocupação, no sentido de decodificar as interações sistêmicas entre as unidades do relevo e o uso do solo. Através de mapeamentos geomorfológicos e de uso e cobertura do solo em escala de detalhe (1:10000) e da avaliação morfométrica das bacias são produzidos subsídios para o entendimento da dinâmica da paisagem. Especial atenção é dada as enchentes urbanas e aos processos erosivos nas vertentes, que afetam parcela significativa da população, que ocupa áreas vulneráveis a ocorrência desses fenômenos. Em Nova Friburgo, na bacia do Rio Macaé, vem sendo avaliadas as relações entre o turismo, as atividades agrícolas e a dinâmica hidrológica. O mapeamento dos condicionantes do meio físico-biótico serve de suporte para o entendimento das transformações da paisagem e suas relações com as atividades humanas desenvolvidas na bacia.


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- RESULTANTES HIDROLÓGICAS E EROSIVAS DA REVEGETAÇÃO DE ENCOSTAS: SUBSÍDIOS PARA RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS

O processo de ocupação das encostas muitas vezes está associado a degradação da cobertura vegetal com a supressão das áreas florestadas e a substituição por coberturas antropogênicas associadas ao uso do solo urbano e rural. Essas alterações nas encostas podem propagar uma série de efeitos nesses sistemas, causando problemas relacionados a dinâmica erosiva e para a gestão de recursos hídricos. As encostas florestadas são importantes áreas de recarga de fluxos sub-superficiais devido ao favorecimento do processo de infiltração da água da chuva e minimizam a atividade erosiva. Nesse sentido torna-se relevante o desenvolvimento de metodologias para recuperação de encostas degradadas via revegetação. Nas encostas degradadas de São Gonçalo, em sua maioria ocupadas por gramíneas invasoras, vem sendo testados o plantio de sistemas agro-ecológicas para recuperação dos solos. Tal procedimento, desenvolvido numa estação de monitoramento implementada no campus em 2006, objetiva experimentar diferentes consórcios de espécies para revegetação de áreas degradadas. Os resultados indicam que o teor de matéria orgânica e as propriedades físicas do topo do solo respondem rapidamente a revegetação agro-ecológica, trazendo benefícios para a dinâmica hidrológica e minimizando a atividade erosiva. Especial atenção vem sendo dada as relações entre a regeneração da vegetação (natural ou induzida) com aspectos geomorfológicos e pedológicos das encostas estudadas.


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